terça-feira, 6 de setembro de 2011

Exército bloqueia acessos ao Alemão e moradores temem a volta do “terror”

Mesmo com fim do conflito, soldados da Força de Pacificação continuavam o cerco.

Bruno Rousso
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Os tanques "trancavam" as ruas de acesso ao conjunto de favelas
O conflito de soldados do Exército e policiais com traficantes já havia acabado, mas às 00h50 desta quarta-feira (7) a Força de Pacificação continuava cercando os acessos ao Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Carros blindados trancavam ruas e soldados ocupavam as esquinas com fuzis empunhados e apontados para a favela. No chão, cápsulas de balas espalhadas.
Bloqueada por motivo de segurança, a avenida Itararé, principal acesso ao Alemão, tinha ares de cidade fantasma. Na altura da localidade conhecida como Nova Brasília, poucas pessoas passavam. Entre elas, Altieres Santos, de 28 anos. O motorista de ônibus, que saiu de casa para amparar a namorada, tem medo de que o “terror volte ao Complexo”.
- Minha namorada mora aqui perto e está nervosa. Vou lá para ajudá-la. Isso tudo é muito ruim. Tudo estava tão bom, aí de repente volta esse desespero. Estou transtornado e tenho muito medo de que tudo volte ao que era. Não quero mais aquele terror.
O passado citado por Altieres é recente. Até novembro de 2010, quando a Força de Pacificação ocupou o conjunto de favelas, o Alemão era considerado o “Coração do Mal” no Rio. O medo de que o tráfico armado volte a dominar é dividido pela atendente de restaurante Gisele de Albuquerque, de 22 anos.
- Fico com medo. Vejo os soldados parados aí, com armas, do lado desses carros grandes (blindados) e bate uma coisa estranha.
O conflito entre policiais e traficantes começou pouco antes das 20h de terça-feira (6). A intensa troca de tiros assustou os moradores e fechou o comércio local.
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Soldados do Exército continuaram cercando o Complexo do Alemão após o confronto (Foto: Bruno Roussi/R7)
Segundo o major Marcus Bouças, da Força de Pacificação, um homem ficou ferido no confronto, próximo à estação de teleférico da Fazendinha. Segundo Bouças, a vítima estava aparentemente alcoolizada.
O Exército não confirmou, mas o tiroteio teria começado após um ‘bonde’ de ao menos dez carros com 50 traficantes armados invadir uma das favelas do Complexo, segundo informações recebidas pela polícia.
Ainda de acordo com os policiais, os bandidos seriam remanescentes da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, vizinha ao conjunto de favelas do Alemão, e teriam tentado retomar parte do território, atualmente ocupado pelo Exército.
O Complexo do Alemão voltou ao foco no último domingo (4), quando moradores e militares se envolveram em uma confusão. Segundo os militares, eles foram atacados com pedras e garrafas e reagiram com balas de borracha e spray de pimenta.
O tiroteio de terça-feira aconteceu no mesmo dia em que um vídeo divulgado pelo Exército mostra pessoas supostamente traficando na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.

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